O câncer é definido como uma enfermidade multifatorial crônica, caracterizada pelo crescimento desordenado (maligno) de células que se infiltram em tecidos e órgãos, podendo promover metástase em outras regiões do corpo. As medidas preventivas têm ganhado uma importante dimensão no campo científico, uma vez que o câncer tem sido apontado como uma das principais causas de mortalidade no mundo.
O desenvolvimento dos vários tipos de câncer se dá por meio de uma interação entre fatores endógenos e ambientais, sendo a alimentação um dos mais notáveis. Acredita-se que aproximadamente 35% das variadas formas de câncer decorrem de dietas nutricionalmente desequilibradas, em especial as com baixo teor de fibras.
A relevância da ingestão das fibras tornou-se mais evidente nos últimos anos. O consumo adequado desse nutriente associa-se com a redução do risco de algumas doenças crônicas, incluindo o câncer. As propriedades físico-químicas das fibras exercem efeitos locais e sistêmicos no organismo humano. O aumento de sua ingestão está relacionado não só à melhora do funcionamento do intestino, mas também à melhora dos níveis lipídicos, à redução da pressão arterial, ao controle da glicemia, ao auxílio na redução do peso corporal e ao fortalecimento do sistema imunológico.
A fibra alimentar tem sido associada a um risco reduzido de câncer colorretal, localizado na extremidade inferior do trato digestivo. O aumento da ingestão de fibras pode conduzir à diluição de compostos carcinogênicos, à redução do tempo do trânsito intestinal e à formação de substâncias anticancerígenas por meio da fermentação bacteriana.
Evidências também apontam o papel protetor das fibras na prevenção do câncer de mama por meio da redução dos fatores de crescimento semelhantes à insulina-I (IGF-I), da influência sobre as concentrações dos hormônios esteroides, da diminuição dos estrogênios circulantes e da redução da inflamação por meio da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), produzidos durante a fermentação no cólon.
A ingestão adequada de fibra alimentar está associada a efeitos protetores e à redução do risco do câncer no esôfago. Os principais mecanismos de ação incluem a modificação do refluxo gastroesofágico e/ou o controle do peso. Associações com a diminuição do risco de câncer gástrico também têm sido relatadas.
É fundamental o consumo adequado de fibras (25 gramas/dia), a partir de uma dieta equilibrada e orientada que contenha grãos integrais, frutas, legumes e verduras, aliados ao consumo de água.
Essas informações não dispensam o acompanhamento de médicos ou nutricionistas.
Letícia Longhi Rocha
Nutricionista – CRN 10-3814
Fontes:
BERNAUD, F. S. R.; RODRIGUES, T. C. Fibra alimentar – ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Rev. Bras. Endocrinologia e Metabolismo, São Paulo, v. 57, n. 6, p. 397-405, 2013.