Mudanças ligadas ao perfil populacional têm gerado aumento no número de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Estas doenças estão diretamente ligadas ao acúmulo de gordura no organismo e ao aparecimento das dislipidemias, sendo a alimentação um dos fatores primordiais do aparecimento das mesmas. A Dislipidemia é definida como distúrbio que altera os níveis séricos dos lipídeos (gorduras). Ao longo dos anos os benefícios dos ácidos graxos vêm sendo estudado, as evidências sugerem que dietas ricas em ácidos graxos monoinsaturados (AGM) podem beneficiar o perfil lipídico sérico, apresentando influência positiva no combate a doenças.
Dentre as fontes de ácidos graxos monoinsaturados (especialmente o ácido oleico), destaca-se o abacate, sendo uma das frutas que maior se destaca em relação a sua qualidade nutricional. Durante muito tempo o abacate foi visto como vilão, por ser uma fruta com bastante gordura e era excluída da alimentação de indivíduos que precisavam reduzir as taxas de colesterol e triglicerídeos. Entretanto, com o tempo, diversas pesquisas foram desmistificando estes males.
O abacate possui alto teor de ômega-9, fonte de potássio e magnésio, além das vitaminas do complexo B, C, E e K e fibras. Ainda fornece diversos antioxidantes e anti-inflamatórios naturais, como glutationa, fitosteróis (beta sisterol), carotenoides e flavonoides. A Glutationa é um componente anticancerígeno composto de aminoácidos, que atuam como antioxidantes, já o mecanismo de ação dos fitosterois, envolve a inibição intestinal de absorção do colesterol e diminuição da síntese de colesterol hepático.
Um estudo realizado por Salgado (2008), buscou analisar a influência do consumo de farinha de abacate nos níveis séricos de colesterol total, HDL, LDL, triglicérides, colesterol hepático e excretado. A suplementação da dieta com farinha de abacate reduziu os níveis de colesterol sanguíneo, hepático e LDL, aumentou o colesterol excretado e manteve os níveis de HDL e triglicérides em ratos hipercolesterolêmicos. Isso demonstra que a dieta tem papel fundamental na redução dos níveis de colesterol.
Outra pesquisa realizada com 17.567 adultos norte-americanos, demonstrou associações significativas entre o consumo de abacate, com melhora na qualidade da dieta e ingestão de nutrientes, diminuição do Índice de Massa Corporal (IMC) e menor medida da cintura. Além de aumento no nível do HDL (bom) colesterol, redução dos riscos de síndrome metabólica. No estudo o consumo médio de abacate apresentou uma variação de 60 gramas para mulheres e cerca de 70 gramas para os homens.
Isso demostra que o abacate incorporado na alimentação diária, pode trazer inúmeros benefícios, reduzindo fatores de risco para o desenvolvimento de doenças metabólicas. Vale lembrar que, o consumo de abacate deve ser associado com outros alimentos saudáveis, evitando o consumo acrescido de açúcares e outros ingredientes de baixo valor nutricional.
Essas informações não dispensam acompanhamento do médico ou nutricionista
Indyanara Cristine dos Passos
CRN 10 – 5202P
Fontes:
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