A creatina é um dos suplementos mais utilizados e mais citados pelos praticantes de atividade física, principalmente quando se trata de atividades de alta intensidade e curta duração. Tudo isso porque a creatina tem sido reconhecida como um dos suplementos alimentares mais eficientes, capazes de aumentar força muscular, massa magra, hidratação corporal total, melhorando, portanto, o desempenho do exercício.
A creatina é sintetizada a partir de outros 3 aminoácidos: arginina, metionina e glicina, a qual é produzida endogenamente no fígado, rim e pâncreas. Também pode ser obtida de forma exógena, a partir de alimentos, como: carne, peixe ou através da suplementação. Ela é armazenada na sua maior parte (95%) na musculatura esquelética, sendo em menor quantidade distribuído entre o cérebro, testículos e rins.
A utilização da creatina como suplementação, vem sendo pesquisada e estudada em diversos campos na área da saúde, não só com atletas, já que o papel no organismo está diretamente relacionado ao metabolismo energético, desta forma a deficiência nos estoques corporais pode limitar o desempenho físico.
Diversos autores destacam que a ingestão de creatina por via oral é capaz de elevar os conteúdos de creatina e fosfocreatina dentro da musculatura, uma vez dentro das células, a creatina é convertida durante o repouso em fosfocreatina, pela enzima creatinaquinase, sendo assim, aumenta o fornecimento de energia, a força e função muscular.
Revisões narrativas de diversos estudos analisam a utilização da creatina na doença e na saúde. A aplicação de suplementação de creatina já apresentou diversos resultados positivos, do ponto de vista clínico, evidências benéficas têm sido relatadas em uma ampla gama de doenças, incluindo miopatias (afecções e doenças musculares), doenças neurodegenerativas, cancro, doenças reumáticas e diabetes tipo 2.
Diversos estudos vêm demonstrando os efeitos da creatina em idosos, um estudo realizado por Macedo (2014), conduzido entre julho de 2010 e novembro de 2011, buscou avaliar a eficácia da suplementação de creatina associada ou não ao treinamento de força e resistência em 60 mulheres idosas, sedentárias. Estas foram submetidas há um treinamento físico durante 24 semanas, sendo que nos primeiros 5 dias as pacientes fizeram o uso de 20 g/dia do suplemento de creatina, fracionado em quatro vezes ao dia, após essa fase foi realizada uma dose de 5g/ dia, até o final do estudo. Após as avaliações realizadas, os resultados destacaram que a suplementação de creatina em longo prazo combinado com treinamento de resistência pode melhorar a massa magra e também a função muscular em mulheres idosas.
Com relação as doses utilizadas, diversos estudos utilizam a dose de 20 g/ dia, de cinco a sete dias e nos demais dias uma dose de manutenção de 3 a 5 g/dia, mostrando esta ser uma dose segura, corroborando com um ensaio clínico realizado no município de Florianópolis, que utilizou durante 7 dias uma dose de 20g, fracionando 5g a cada quatro horas, nos demais dias foi administrada uma dose de 5g/dia, diluída em um copo de água de 250 ml. Este estudo obteve dados positivos em relação ao ganho de peso e hidratação de massa magra nos indivíduos que realizaram atividade física de força.
De acordo com um estudo realizado por Antonio e Ciccone (2013), a suplementação de creatina, quando associada ao exercício de força, aumenta a massa livre de gordura e a força, apresentando efeitos superiores quando consumida logo após o treino. Desta forma o uso da creatina apresenta bons resultados quando associada a exercícios de alta intensidade e curta duração. Quanto aos efeitos adversos, existem relatos de casos indicando que a Creatina possa prejudicar a função renal ou hepática, entretanto sabe-se que tais funções podem ser prejudicadas em indivíduos que já possuem alguma patologia renal ou hepática, não aplicando-se a indivíduos saudáveis. Para a utilização de qualquer suplementação faz-se necessário acompanhamento com profissional especializado, para realizar exames cabíveis e possíveis ajustes na alimentação, suplementação e treinamento.
Há prevalência de estudos sobre a creatina faz-se necessária, pois são estes que nos apontam através de evidências, se a suplementação é realmente eficiente. Fique atento as novidades.
Essas informações não dispensam acompanhamento do médico ou nutricionista.
Indyanara C. dos Passos
Nutricionista CRN10 5202P
Fontes:
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