A Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória que acomete qualquer porção do tubo digestivo, sendo que os mais acometidos são íleo, cólon e região perianal, possui característica sistêmica, apresentando formas distintas de lesões, sendo estas: ulcerativa, fistulosa e fibroestenosante, entretanto, também podem ocorrer manifestações extraintestinais. Os sintomas apresentados são diarreia com presença de muco e sangue, febre, dores abdominais, perda de peso, quadros de anemia, além do atraso do desenvolvimento em crianças. Suas causas ainda não têm fator específico, entretanto existem evidências que mostram que a originalidade da doença é um resultado de desequilíbrio entre a microbiota intestinal e o aparato imunológico da mucosa intestinal.
Os probióticos vêm sendo muito utilizados como alternativas no controle de infecções ocorrentes no trato gastrointestinal, como a DC, reforçando os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro. A Organização Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO, 2001).
Nos dias atuais, há uma preocupação principalmente entre a comunidade científica com o surgimento de cepas de microrganismos resistentes a ação dos probióticos além do uso indiscriminado de agentes antimicrobianos. Por estes fatores, ao longo do tempo diversas pesquisas vêm sendo realizados em torno do uso de probióticos nas doenças inflamatórias intestinais, de forma que tais investigações sugerem estratégias futuras para tratamento e a prevenção de desordens gastrointestinais.
Um estudo realizado para avaliar a eficácia do uso de probióticos na DC, identificou que um grande número de pacientes com a doença apresentava diarreia de difícil resolução. Foi proposto o desenvolvimento de um projeto envolvendo o uso de probióticos para avaliar a efetividade, seus achados mostraram-se animadores, uma vez que, foi observada a redução da ocorrência de diarreia, assim como, melhora no estado nutricional destes pacientes.
Uma revisão bibliográfica, que buscou atualizar o que há de novo em terapia nutricional em doenças inflamatórias intestinais verificou resultados positivos do uso de probióticos na DC, tanto na fase aguda, na doença de remissão e na prevenção da recorrência pós-operatória, podendo aparecer como coadjuvante do tratamento.
Sendo assim, percebe-se que os probióticos atuam de maneira promissora, na prevenção e melhora do quadro clinico dos portadores de doenças inflamatórias intestinais, entretanto faz-se necessário realizar estudos mais aprofundados a fim de se estabelecer a relevância dessas terapias em cada situação específica.
Essas informações não dispensam acompanhamento do médico ou nutricionista.
Indyanara Cristine dos Passos
Nutricionista CRN10 5202 P
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