Entendendo sobre os óleos e gorduras, qual utilizar para cozinhar?

Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água, de origem animal ou vegetal, formados por estéreis de triacilgliceróis, produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos.

Em menores proporções os óleos contêm vários componentes, tais como: mono e diglicerídeos; ácidos graxos livres; tocoferol (importante antioxidante); proteínas, esteróis e vitaminas. Em relação a sua consistência podem ser de líquidos para sólidos, sendo que a diferença se refere ao estado físico destes componentes a temperatura ambiente, quando estão sob a forma sólida são chamados de gorduras e quando estão sobre a forma líquida são chamados de óleos.

Os óleos e gorduras fazem parte integralmente da dieta humana. Provavelmente você já se perguntou qual óleo ou gordura é melhor para cozinhar?

Quando se fala em cocção (cozimento), uma característica bastante importante deve ser considerada, que é a estabilidade do óleo ou gordura quando submetido ao calor. Isso significa que quando os óleos/gorduras são submetidos a elevadas temperaturas, ficam susceptíveis ao processo de oxidação que ocorre na superfície de contato com o ar, um processo físico- químico, que resulta em liberação de aldeídos, levando a modificações de aspectos fisiológicos e nutricionais.

Pelo fato de ocorrer a liberação de aldeídos, a grande utilização dos óleos vegetais no cotidiano, levou a necessidade de avaliar melhor o seu grau de resistência, principalmente a sua estabilidade ao armazenamento e estresse térmico.

A resistência térmica dos óleos depende de sua estrutura química, de maneira geral os óleos vegetais que possuem maiores quantidade de ácidos graxos poli-insaturados, estão mais sujeitos à oxidação do que óleos que possuem maior quantidade de ácidos graxos saturados. Quanto mais insaturada é a gordura, mais suscetível ela é a danos oxidativos provocados pelo calor e pelo oxigênio. Gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas são mais frágeis (canola, milho, girassol e oliva), quando falamos do binômio tempo e temperatura.

Os óleos de milho, girassol e soja são ricos em gordura poli-insaturada, já o óleo de canola e o azeite, apresentam maior quantidade de lipídeos moniinsaturados. Dentre as gorduras saturadas ganham destaque o óleo de coco, a banha de porco e a manteiga.

As melhores escolhas seriam os óleos e gorduras saturados e monoinsaturados, porém depende o modo de aquecimento dos óleos, diversos estudos vêm demonstrando que não há grandes problemas em utilizar alguns óleos como o azeite de oliva, para refogar ou grelhar os alimentos, pois o tempo/temperatura empregados na cocção não são suficientes para produzir compostos indesejáveis. Vale ressaltar, que estamos falando dos óleos em relação a cocção, não a fritura, para fritura deve-se considerar outros fatores, como: maior ponto de fumaça e a emissão de partículas ultrafinas durante o processo de fritura.

Mas o que é ponto de fumaça? É a temperatura pelo qual se inicia a emissão de fumaça, ou seja, quando o glicerol (ou glicerina) se quebra e forma a acroleína, esta é uma substância tóxica que provoca irritação no trato respiratório, além de deixar odor desagradável nos alimentos, trazendo prejuízos à saúde, os óleos que apresentam maior ponto de fumaça são o óleo de soja e o óleo de canola. Vale lembrar que fritar os alimentos não é a melhor escolha de preparo, de preferência por cozinhar, assar ou grelhar.

Independentemente da escolha, evite submeter os alimentos a altas temperaturas durante o preparo, pois favorecem a produção de diversos elementos tóxicos e indesejáveis, lembre-se não reutilize os óleos e mantenha o óleo guardado e protegido da luz.

Essas informações não dispensam acompanhamento do médico ou nutricionista.

Indyanara Cristine dos Passos
Nutricionista CRN10 5202 P

Fontes:

TANAMATI, AAC. Instabilidade oxidativa do óleo de soja submetido à fritura de alimentos congelados. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.) v.68, n.1, São Paulo, abr. 2009.

CORSINI, M. S., et al. Estabilidade oxidativa de óleos vegetais utilizados em frituras de mandioca palito congelada. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 26(1): 27-32, jan.-mar. 2006

FREIRE, P.C.M., et al. Principais alterações físico-químicas em óleos e gorduras submetidos ao processo de fritura por imersão: regulamentação e efeitos na saúde. Rev. Nutr. vol.26 no.3 Campinas May/June 2013

REDA, R. Y. Óleos e gorduras: aplicações e implicações. Revista Analytica • Fevereiro/Março 2007 • Nº27

RIOS, H. C. S. Avaliação da oxidação de óleos, gorduras e azeites comestíveis em processo de fritura. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 118-126, mai./ago. 2013

S.a. Óleos vegetais e o estresse térmico. S.n

CORSINI, M. S., et al. Perfil de ácidos graxos e avaliação da alteração em óleos de fritura. Quím. Nova vol.31, no.5, São Paulo, 2008.

JORGE, N. Alterações físico-químicas dos óleos de girassol, milho e soja em frituras. Quim. Nova, Vol. 28, No. 6, 947-951, 2005.

Facebook
YouTube
LinkedIn
Instagram